Ahmnat – Os amores da Morte: Opiniões
31/10/2011
O que pode acontecer quando Morte e Destino brincam com o amor?
Ahmnat é uma garota egÃpcia que, depois de uma vida cheia de turbulências, tristezas e mágoas, assume – de forma extraordinária – a função de Morte e passa a viver entre este mundo e o além-vida.
Mas ela não está sozinha. Logo conhecerá Destino, responsável por escrever as vidas mortais, que se surpreende ao vê-la no lugar de poderosa entidade. Destino propõe, então, um sádico jogo a Ahmnat: criará dez vidas mortais, humanos bem especiais, e tentará fazê-la se apaixonar por eles. Se Ahmnat se apaixonar por qualquer um deles, ela volta para a Terra como mortal novamente, dando a oportunidade de Destino reescrever sua vida. Caso contrário, será Destino quem se tornará mortal, permitindo que ela venha buscá-lo pessoalmente.
Morte e Destino jogarão através dos tempos e da própria História da humanidade. Será que essa jovem e inexperiente Morte está preparada para fugir do amor e escapar das armadilhas de Destino?
Com a maior das empolgações possÃveis comecei a leitura do ARC que recebi para resenha… E tive medo. Medo de colocar as expectativas altas demais e acontecer o que sempre acontece quando a gente espera demais de uma obra… A decepção. Então, após ler um trecho e deixar um pouco o livro de lado, peguei novamente no final de semana passado e não consegui largar mais até chegar ao fim.
Sim, minhas expectativas eram altas e eu tinha medo de me decepcionar, mas felizmente Julien de Lucca me surpreendeu com uma história simplesmente genial. E agora meu maior medo é não conseguir passar tudo o que eu gostaria com este livro, que ouso arriscar é um dos melhores que li este ano.
“Mas já lhe adianto: vão acontecer coisas em sua vida que não dependem de mim. Destino escreve a vida das pessoas. A morte vem cumprir seu papel inevitável, pois esta é a lei inerente da vida. O caos se recicla de forma crescente nas entranhas da humanidade. O mundo não é uma cama de rosas.” (pág. 26)
Tudo começa com a narrativa de Ahmnat dos fatos mais importantes da sua existência como Morte. Ela está contanto sua história (de mais de 3900 anos) para um mortal e embora a narrativa comece de um modo um pouco cansativo não demora muito para pegar o ritmo e nos vemos querendo saber mais e mais de sua “vida”.
Sim, fui completamente seduzida por Ahmnat… Por seu senso de justiça fora do usual, por sua maneira de encarar as coisas e as pessoas de um modo diferente do que estamos acostumados, por seu jeito despreocupado de não estar nem ai para nada. E principalmente, fui seduzida pelo fato de que a história de Ahmnat faz muitas ligações com várias partes da “história real” do mundo já tão conhecida por nós. E o melhor de tudo é que essa história não é recontada, mas trançada junto com o caminho de Ahmnat. Foi praticamente impossÃvel não se apaixonar pela “garota egÃpcia” que horas parecia estar certa, horas parecia não passar de uma garota mimada com um poder maior do que poderia imaginar…
“Uma pessoa que mata outras vinte por prazer, aos meus olhos, sempre foi tão normal quanto uma que passa a vida ajudando os pobres. Ambas têm desejos a serem saciados, e se o Criador não faz nada a respeito, Ele deve ter excelentes motivos.” (pág. 92)
De Lucca amarra a narrativa de um jeito que me fez pensar se alguns detalhes seriam possÃveis de terem acontecido conforme sua narrativa. Seria possÃvel Morte ser uma entidade e mudar o curso de algumas pessoas? Seria possÃvel algumas ideias que temos como certas a respeito de anjos e demônios não serem exatamente como a gente imagina? Seria possÃvel os seres humanos serem apenas objetos na mão de Destino, Morte, Caos, Anjos e Demônios? A única resposta que encontrei ao ler o livro terminou sendo “porque não?”
Acredito que eu não teria a mesma interpretação da história se fosse mais nova, o que me leva a crer que o livro não seria visto do mesmo modo por adolescentes. Não que os adolescentes não a entenderiam, mas os anos fazem você ter uma percepção maior de alguns pontos tocados na estória, assim como fazem com que as conexões com algumas referencias dadas pelo autor sejam feitas.
Falando em percepções e referências, não tem como não falar de outra personagem presente em alguns momentos da narrativa de Morte: Lúcifer. Talvez alguém diga que De Lucca ousou demais com as caracterÃsticas que ele dá para Lúcifer, porém, ele é a segunda melhor personagem do livro. E quando eu digo melhor, não estou dizendo no sentido referente ao Bem e o Mal. Lúcifer está tão bem escrito que me fez pensar nele de um modo diferente, me fez lembrar que nem tudo é o que parece ser e este é um dos pontos que mais gostei do livro. Não é sempre que um livro te faz repensar em suas ideias, mesmo você sabendo que se trata de uma ficção o que você está lendo.
“Mas não Os encare como o Bem e o Mal. Eles são idênticos. Só depende de como se enxerga. Deus permite o sofrimento, mas criou a vida. O Demônio, como o chama, pune as almas que não aceitam o conceito da eternidade, mas criou o prazer, para a vida não ser apenas um campo de treinamento sofrido, criado por Deus.” (pág. 64)
E o final… Bem, eu só posso dizer que Morte sabe contar uma história como ninguém. E não vou falar mais nada, porque senão acredito que não conseguirei segurar os spoilers e comentários sobre determinados fatos.
“De todos esses anos que vivi, ou melhor, que existi, a principal lição que aprendi é: aproveite todos os seus momentos, pois eles são únicos, jamais serão iguais, jamais desperdice-os. Cada detalhe da vida é digno de lembrança.” (pág. 32)
Como disse no inÃcio, fui seduzida por Ahmnat… Seduzida pela personagem, seduzida pela estória. Além do privilégio de ler uma obra antes de seu lançamento oficial (Obrigada Gabi pela oportunidade), tive o prazer de ler uma obra tão boa e ainda poder ter o orgulho de dizer que o autor nacional. Julien de Lucca não só me conquistou com sua obra, mas me deu de presente ótimas horas e muita alegria ao saber que Ahmnat será uma série e que o livro terá uma continuação. Como disse no inicio, acredito que Ahmnat – Os amores da Morte é o melhor livro que li em 2011. E eu recomendo, e muito, a leitura!!!
Para quem for de São Paulo, fica o lembrete que amanhã, dia 01/11 é o lançamento oficial do livro: