Alice tem 26 anos e, desde a adolescência, é atormentada por presságios. Desacreditada por psiquiatras, ela é considerada psicótica, até que uma de suas visões a possibilita desvendar um misterioso homicídio. A polícia atribui a autoria do crime ao Beato Judas, um assassino serial de freiras, mas a descrição do suspeito não se parece em nada com o homem que ela viu em sua premonição. Agora, Alice terá de correr contra o tempo para provar que não é louca e para evitar que o assassino faça uma nova vítima. Suspense, misticismo e sensualidade se misturam neste fantástico thriller policial que parece ter a capacidade sobrenatural de manter seus leitores alucinados da primeira à última página.

“Só é louco quem fala demais! Porque, se você não fala nada, as pessoas não adivinham o que está dentro da sua cabeça! Pode ser a pirada mais demente de todas! Mas, se você não fala nada, você é normal, entendeu?”

Leonardo Barros me conquistou com uma sinopse que conta tudo o que você precisa saber, sem entregar nada. E mais, um simples detalhe no início do livro faz toda a diferença lá no final e isso é um dos pontos comuns nos livros policiais bem escritos e que muito leitor deixa passar (é aquela coisa de Sherlock sabe? Quando você chega lá no final acaba pensando “como eu não percebi”) mas quem lê o estilo pode ficar preocupada como eu fiquei de que algumas coisas não apareceriam. Mas tudo na história tem uma ligação e um fechamento.

Eu não quero contar spoilers, então não vou falar do enredo e algumas das coisas podem parecer um pouco vagas, até porque o livro conta com pouco mais de 200 páginas. De modo geral, a leitura me agradou bastante e fico contente em poder dizer que conto com Presságio na minha estante.

Duas coisas que eu tinha medo... Primeiro, o título/sinopse fala em freiras. Eu não sou a maior das católicas, mesmo assim acho muito complicado quando o autor entra em conflito com a religião. E quando eu digo conflito eu quero dizer na questão de ofensas e coisas desse tipo. No meu ponto de vista isso não aconteceu e não fiquei nem um pouco desconfortável com algumas cenas ou comentários dos personagens. Mas vale lembrar que uma ou outra coisa que acontece pode chocar ou incomodar quem é muito novo (tanto que a obra é recomendada para maiores de 18), quanto para quem é muito religioso se não ler a obra com o pensamento de que é ficção e que é preciso ter uma mente aberta para ver que sim, algumas coisas narradas acontecem – sendo certas ou não.

“ – Então, me responda, doutor Ribeiro: o prazer pervertido que o senhor sente ao ver o sofrimento dessas mulheres serve como uma compensação pelo tamanho ou pelo mau funcionamento do seu pau?”

Outra coisa era a questão dos presságios de Alice. Eu tinha medo que a coisa toda virasse para um lado muito mais sobrenatural do que policial. Não que eu não curta livros sobrenaturais, eu gosto (e muito!), mas estava com um certo medo nesse livro. Eu acreditei em Alice desde a sinopse, mas o autor escreveu de um jeito que até eu em alguns momentos pensei que a Alice poderia estar louca e vendo coisas que não eram verdadeiras. Tem um toque místico, um toque sobrenatural e ao mesmo tempo tem aquele detalhe de que pode sim ser real e verdadeiro tudo o que é dito sobre os presságios. Então, ponto para o Leonardo!!!

Como fã de Forever, CSI, House e Greys Anatomy (séries médicas ou que contam com perícia médica/forense) preciso dizer que alguns pontos citados na obra me chamaram a atenção. O Leonardo é médico (eu não sabia antes de ler, mas conta isso na orelha do livro) e acredito que isso lhe deu um maior domínio para ele usar vários termos e medicamentos – e tudo fica muito bem colocado dentro da história e mesmo quem não é acostumado com terminologias não se sentirá perdido – tudo é explicado de forma que não pareça uma aula, o que foi ótimo.

“Mas, de uma forma ou de outra, essa é a única prova. E, por ser a única, ela tem de servir.”

Só alguns pontos forenses que não me convenceram e o motivo foi muito simples... Algumas coisas aconteceram rápido demais ou não foram devidamente questionadas pelos peritos. Eu acredito que no geral isso acaba fazendo sentido pois a trama precisa de um tempo para acontecer e algumas coisas precisam ser ignoradas para que a história continue e tal. Para mim, isso só se tornou um problema quando ficou claro onde a história se passa e eu fiquei em dúvida se no Brasil temos algumas coisas tão rápidas assim e outra, se os peritos são realmente tão bons para serem rápidos por que não foram bons para notarem as coisas cedo? Entendem o que eu quero dizer? Não chegou a ser um ponto negativo que tirasse o brilho da obra, só algo que eu realmente achei que deveria comentar.

Presságio: O Assassinato da Freira Nua foi uma leitura envolvente e empolgante, que me deixou no nível certo de curiosidade e ansiedade sem me estressar por não saber das coisas. Sim, sou daquelas que não gosta de ser enrolada por muito tempo e isso não acontece aqui. A leitura flui facilmente e você quer saber como tudo vai se resolver e mesmo nas últimas páginas ainda tem acontecimentos importantes para o enredo. E o final? Não o fim da história, mas as últimas frases... Elas são ótimas pois deixam no ar uma possível continuação e ao mesmo tempo fazem com que o livro tenha o seu fim. E eu adoro livros assim! Sempre digo que mesmo os livros de séries precisam se manter sozinhos. E nesse ponto, Presságio é um livro completo.

Leitura mais que recomendada para quem curte literatura policial, suspense e se amarra em um thriller. Leonardo Barros é mais um ponto positivo para a literatura nacional. O outro livro policial dele (O Maníaco do Circo) não vai entrar na minha lista de leituras – pois tem palhaço e por isso tô fora! – mas pretendo ler seu novo livro que sairá pela Novo Século e será um suspense fantástico. Se eu estou curiosa? Sim!!!!! Muito!!!!