Leviatempo – Maxime Chattam

02/08/2015

LeviatempoNa Paris da Belle Époque, Guy de Timée é um romancista de sucesso vivendo o drama da página em branco. A fim de encontrar inspiração para escrever um romance noir, ele sai de casa, deixando mulher e filha, e se aloja no sótão de um bordel no coração da cidade. O Boudoir de soi é uma casa respeitável, frequentada pela alta burguesia parisiense, e Guy logo se torna amigo das residentes do local. Uma noite, uma das jovens prostitutas é encontrada morta ao lado do bordel; horrivelmente curvada, transpirando sangue e com os olhos completamente negros. Auxiliado pela cortesã Faustine e pelo complexado inspetor Perotti, Guy assume uma violenta e sangrenta investigação que leva a outros assassinatos e corpos encontrados em condições semelhantes. Seria obra do Diabo? Qual o propósito sombrio desse assassino de mulheres? Dos círculos esotéricos da Cidade Luz às maravilhas arquitetônicas da Exposição Universal de 1900, Leviatempo é um romance surpreendente no qual o protagonista, ao tentar seguir os passos de Arthur Conan Doyle, acaba se tornando, ele próprio, uma espécie de Sherlock Holmes.

“Ela havia dado todo o seu sangue. E Paris, que nunca recusava uma tal oferta, o havia bebido nas ruas cinzentas”. (pág. 39)

Na onda de ler autores novos, e também de locais que ainda não li, Leviatempo de Maxime Chattam entrou na minha lista. A capa publicada pela Bertrand é ainda mais linda ao vivo do que pela imagem – eu fiquei encantada com os detalhes que o jogo de luz mostra quando pegamos o livro nas mãos. E mais, Chattam é um dos dez autores mais vendidos na França e dá para entender o motivo. Com uma narrativa envolvente, fui sugada para o livro e só consegui largar ao chegar na última página.

Encontramos o personagem principal na Paris de 1900. Guy é um romancista que está fugindo do seu passado e buscando inspiração para escrever seu novo livro. Para isso, ele sai de casa sem dar nenhum aviso e acaba indo morar no sótão de um bordel, onde se torna amigo das cortesãs. Em uma noite, uma das prostitutas é encontrada morta de um jeito assustador e Guy – junto com a cortesã Faustine e o inspetor Perotti – em busca pela verdade do que aconteceu com Milaine, assume sua própria investigação do caso.

“Não é o que conseguimos que conta, é o fato de procurar. Isso é dar mostras do nosso respeito.” (pág. 58)

O livro tem um ritmo que começa lento e aos poucos vai ganhando força. Quanto mais eu lia, mais eu queria ler. Além disso, possui personagens interessantes e que nem sempre são exatamente o que parecem. Adorei o fato de Guy não ser aquele tipo de personagem perfeito, de herói certo que faz tudo pelo bem que sempre vence o mal. Guy tem seus momentos egoístas, tem algumas atitudes infantis e chega a colocar em risco não só a sua vida como a de seus comparsas na investigação. Isso deu um colorido a mais para a história. Além disso, temos várias referencias interessantes durante o livro e a que mais me encantou foi a busca de Guy em ser um escritor parecido com Doyle, e com isso ele acaba se tornando um Sherlock Holmes.

“Os homens não fazem as coisas por acaso, não quando as repetem de novo e de novo e, com certeza, não quando fazem por prazer. O prazer de cada um diz muito sobre o que ele é”. (pág. 156)

Leviatempo é para quem gosta de investigação, de thriller e de momentos sombrios – os assassinatos são brutais e não sei se conseguiria assistilos em um filme. O livro se passa em 1900 e nesse ponto Maxime soube ambientar bem no questão de ambiente, localização, cenários e costumes, mas tem alguns momentos em que o comportamento de Guy me confundiu um pouco. Quero dizer, não sei se foi por me fazer pensar que algumas atitudes me fizeram levantar questões se seria um comportamento de alguém de 1900 ou se foi por ser esteriotipada demais – mas não foi algo que me incomodou ao ponto de não gostar do livro.

Não sei dizer se o final foi rápido demais ou se foi porque não queria que o livro terminasse. Dito isso, fico feliz em dizer que a história tem uma continuação e que eu espero ansiosa pela publicação dele por aqui. Será leitura garantida, assim como pretendo ler outros trabalhos de Chattam.licavargas

Romântica incurável com um toque de Drama Queen. Sonhadora, teimosa e viciada em livros, afinal, se você não pode cair no mundo, viva através dos personagens! Criadora do blog Amores e Livros, ainda acredita que um dia será paga para ler! Facebook / Twitter / Instagram

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11 comentários

  1. Lica!
    Ambientar um livro no início do século XX e não parecer que é, fica esquisito, porém, apenas lendo saberei se fará diferença ou não.
    Como gosto dos thrillers mais sombrios e carregados de mistério, acredito que seria irrelevante esse detalhe.
    Boa semaninha!!
    “A cada bela impressão que causamos, conquistamos um inimigo. Para ser popular é indispensável ser medíocre.”(Oscar Wilde)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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    1. Oi Rudy...
      Quanto ao cenário, localização e costumes eu não notei nada que não pudesse ser do início do século. Aconteceu com algumas atitudes dos personagens - alguns detalhes na investigação que são normais hoje mas que me fizeram pensar que possivelmente não eram assim em 1900...

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  2. O grande barato do gênero são as descrições. É uma época na qual não vivemos e esses detalhes são importantes, mas agora vc dizer que há momento que o livro não parece estar ambientado pra época é estranho e até gostaria que vc citasse uma passagem.

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    1. Oi Jois...
      como eu disse no comentário ali em cima foi mais com uma ou outra atitude do personagem do que com o cenário e tal. Eu me senti no início do século mas alguns comentários me fizeram pensar se alguém do início do século pensaria assim ou se esse pensamento poderia ser só uma coisa mais atual, da para entender o que quero dizer?

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  3. Leviatempo aparenta ser um livro com grande potencial e por se tratar de um gênero que adoro não posso deixar de conferi-lo. Guy parece um personagem bem humano, longe de ser 100% bom ou mal e gosto disso. Muitas vezes são personagens assim que me conquistam.
    Apenas fiquei intrigada sobre os momentos que mencionou que fogem um pouco da época em que é ambientada a história. Não tenho certeza se isso seria um problema ou não. Pode causar estranheza para os mais detalhistas.
    De toda forma, irei conferir a história e espero ser envolvida, pois ela tem potencial para isso.
    Abraços

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    1. Oi Karina...
      Atualizei a resenha para me expressar melhor. Na parte de ambientação e costumes somos transportados ao início do século e isso foi incrível. Acontece que algumas atitudes do personagem me fizeram pensar se seriam possíveis na época ou não, entende?

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  4. A sinopse do livro é bem interessante, é um gênero que eu adoro. Apenas fiquei um pouco assustada nos momentos que vc mencionou que a história foge um pouco da época em que foi ambientada

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    1. Oi Duany...
      Eu escrevi a resenha de noite e acho que não me expressei bem - então atualizei ela :)
      Na parte de cenário, ambiente e costumes não tenho do que reclamar - realmente somos transportados ao início do século. Foram algumas atitudes do personagem que me fizeram questionar se esse comportamento era cabível em 1900 - mas nada que realmente me incomodasse na leitura...

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  5. livro bem interessante esse, amo historias que se passam no em séculos passados, e já que essa é uma delas creio que vou gostar de ler, e essa capa é linda.

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  6. Oie
    Essa capa está muito linda mesmo.Livros policiais não são meus preferidos mas sempre tento encaixar alguns nas minhas leituras.E é bom acompanhar histórias de outras épocas onde alguns personagens tem outros pontos de vista,claro que se isso for bem explicado pelo autor.E espero que tu não se decepcione com a continuação.

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  7. Livro com historia que nao seja só romance. Quero ler um policial assim. Assassinatos brutais num livro é comigo, rssss. Em filme tambem nao consigo aguentar nao.

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