O amor não é uma propriedade de quem sente, é uma transferência total para quem é amado Você que está vendo este livro com dúvida se precisa dele, você não precisa dele, precisa de si, vive caçando uma palavra que confirme o que deseja, está atrás de um escritor que possa lhe recomendar de volta para quem brigou, com capacidade de explicar o que sente e traduzir seus tormentos. Mas já sabe o que deseja, não há como convencer do contrário, os amigos mostraram que seu relacionamento não tem futuro. Não acredita neles, acredita somente no milagre. E como justificar um milagre, ainda mais para quem não tem mais fé? Eu entendo o que está passando: sua raiva, sua amargura, seu cinismo, seu desencanto. Percebeu que a razão não conforta, que a vingança ou o perdão não ressuscita a tranquilidade, que o fundo do poço nunca se equivale ao nosso fundo. Você parece normal, mas todo mundo deixa de ser normal quando se apaixona e se separa. Se sua expectativa é por uma solução, eu guardo apenas uma certeza que trará alívio mais adiante: você não vai desistir. Quando diz que acabou a relação, é que está procurando um outro jeito de recomeçar. Em seu novo livro de crônicas, Carpinejar apresenta 42 textos que sobre amor, desilusão amorosa, casamento, divórcio, saudade e outros sentimentos que compõem os relacionamentos.

Como se faz uma resenha de um livro de crônicas? Como posso falar dos textos de Carpinejar? Para onde vai o amor? São perguntas que eu não sei como responder...

“A felicidade dói. É um doce intervalo, para sair de uma tristeza e aguentar a próxima.” (pág. 108)

Não é de hoje que eu conheço o trabalho do Carpinejar, mas Para onde vai o amor? foi o primeiro livro completo que li dele e preciso dizer que eu amei. Muito. Mesmo. Acredito que não teve nenhuma parte que eu não tenha gostado – e considero que ganhei um presente duas vezes (a primeira da Bertrand que enviou me enviou o livro e a segunda pois foi um verdadeiro presente a leitura das crônicas de fossa, que chegaram no momento mais que perfeito.

“Cada vez mais reconheço que no amor não existe o melhor, mas o menos pior.” (pág. 118)

O mais legal em um livro com várias crônicas é que nenhuma delas te toca da mesma forma. Umas tocam seu coração, outras metem o dedo fundo naquela ferida que você tenta esconder de todos e tem aquelas que te fazem ver que você não está sozinha e que não é a única. E isso é o mais emocionante, interessante e envolvente nos textos de Para onde vai o amor?

“Ninguém sofre numa separação por aquilo que aconteceu, sofrerá por aquilo que não vai mais acontecer. Sofrerá pela perda da esperança mais do que pela perda do amor.” (pág. 115)

Várias foram as passagens no livro que marquei. Foram tantas que demorei para escolher e selecionar as que colocaria nessa postagem. Tanto que acho meio injusto escolher uma crônica que mais gostei, mas depois de pensar bastante, de ler e reler se tivesse que fazer essa escolha seria ‘Não se pode mais idealizar nessa vida?’

“Quem se contenta com o banhado jamais cultivará um jardim.” (pág. 100)

As diversas crônicas que li do Carpinejar fez com que ele entrasse em minha lista de autores favoritos, agora, ao terminar esse livro tive a certeza de que preciso de todos os outros do autor – não só na estante mas na lista de lidos. Leitura mais do que recomendada.