Glória é uma jovem de família tradicional, criada dentro dos padrões sociais da época, prepara-se para fazer um bom casamento e dar muitos filhos, de preferência, homens, a seu futuro marido. Sua melhor amiga, Marisa, anseia por um futuro muito diferente, onde ela possa fazer a mesma coisa que os homens, como frequentar certos lugares, e encontrar um companheiro que compartilhe dos mesmos pensamentos e defenda a liberdade feminina tanto quanto ela.

Quando a jovem Glória casa-se com o marido escolhido por seu pai, acredita que apesar da falta de amor, sua dedicação será suficiente para construir um bom relacionamento com o marido - um homem de trejeitos rudes, que conquistou muitas posses devido ao tino para os negócios -, e que a vinda de herdeiros culminará em uma família feliz e próspera.

Com a dificuldade em engravidar, a vida da moça torna-se cada vez mais difícil, e a rotina de violência, abusos e humilhação torna-se cada vez mais frequente. Ao mesmo tempo Marisa, que se casou com um jovem rico com os ideais que ela desejava, apresenta a Glória seu cunhado Fernando, e o desejo entre eles cresce a cada dia, fazendo com que a jovem se entregue aos prazeres proporcionados por essa paixão proibida. É claro que nada disso passa impune aos olhos de Erasmo, marido de Glória, e muitas coisas acontecem na trama devido a isso.

Será essa a oportunidade de Glória de viver um grande amor? Até que ponto as pessoas ao redor estão mesmo dispostas a verem a jovem feliz? Será que todos são realmente do jeito que ela imagina? Qual será o destino de uma jovem casada por obrigação e adúltera por opção em uma São Paulo de 1910?

Em uma trama com muitas reviravoltas, o livro é dividido em três partes (A dor, O prazer e O amor), onde em cada parte o leitor vai descobrindo mais a respeito da protagonista e de seus personagens. A autora conseguiu capturar de forma encantadora a essência dos sentimentos vividos na história e também fez com que o leitor se envolvesse na trama, ansiando mais a cada página. Veridiana Maenaka é mais uma autora nacional que veio com tudo, já em seu primeiro romance.

Como leitora, devorei cada página, ri, chorei, desejei o castigo de alguns e a felicidade de outros, mas principalmente, senti a dor pungente, que assola a vida da Glória, e de tantas outras mulheres que passaram ou passam pela mesma situação. Pois mesmo sendo um romance de época, a autora conseguiu retratar de forma sublime as escolhas (ou falta delas) existentes em muitos lares de 2015.

Amei cada página, porém fiquei na vontade de saber um pouco mais sobre o destino de alguns personagens, o que talvez tenha sido proposital por parte da autora, que deixou em aberto para uma possível continuação, se for esse o caso, estarei aguardando ansiosamente.