A vida como ela era - Susan Beth Pfeffer

03/09/2016

Quando Miranda começa a escrever um diário, sua vida é como a de qualquer adolescente de 16 anos: família, amigos, garotos e escola. Suas principais preocupações são os trabalhos extras que os professores passaram – tudo por causa de um meteoro que está a caminho da Lua. Ela não entende a importância do acontecimento; afinal, os cientistas afirmam que a colisão será pequena. O que Miranda não sabe é que os cientistas estão muito enganados... Para surpresa de todos, o impacto da colisão é bem maior do que o esperado, e isso altera de modo catastrófico o clima do planeta. Terremotos assolam os continentes, tsunamis arrasam os litorais e vulcões entram em erupção. Em 24 horas, milhões de pessoas estão mortas e, com a Lua fora de órbita, muitas outras mortes são previstas. Miranda e sua família precisam, então, lutar pela sobrevivência em um mundo devastado, onde até a água se torna artigo de luxo. Através do diário da adolescente, A vida como ela era nos conduz por uma emocionante história de persistência, ensinando-nos que, mesmo diante de tempos assustadores e imprevisíveis, o recurso mais importante de todos – aquele que jamais deve ser extinto – é a esperança.


A Vida como Ela Era é o primeiro volume da série Os Últimos Sobreviventes, da autora Susan Beth Pfeffer. O livro já havia sido publicado por aqui em 2014 e agora a Bertrand o está relançando com uma nova capa. Ele é contado por Miranda, uma garota de 16 anos que começou a escrever seus dias em um diário. No começo, é tudo muito normal na vida da adolescente - as aulas, as amizades, a preocupação com o "crush". Mas, de repente, um acontecimento ganha um certo destaque para todos.

Um asteroide irá colidir com a lua. Isso não é bem uma novidade, já que vários já se chocaram com a lua e por isso sua superfície é cheia de crateras. Mas, como esse é o maior de todos até agora, o assunto ganha destaque na mídia e parece que todos os professores só pensam nisso também - transformando o evento em assunto de trabalhos de várias disciplinas. Acontece que alguma coisa não calculado acontece. O choque é maior do que se imaginavam e ele muda a lua de lugar - a fazendo ficar bem mais próxima da Terra.

Você já parou para pensar em quanto a Lua, mesmo tão distante interfere de certo modo em nosso dia a dia? Pois é... Nem a Miranda. Os primeiros acontecimentos na sua cidade são somente uma falta de sinal nos telefones e a televisão que não funciona direito, mas as primeira notícias a chegarem até ela é que as marés subiram, ocorrendo tsunamis e a destruição de várias cidades litorâneas. E talvez seja assim que começa o fim do mundo.
"Acho que sempre pensei que, mesmo que o mundo acabasse, o McDonald's continuaria funcionando." (pág. 58)
Como qualquer garota de 16 anos, Miranda acha algumas atitudes de sua mãe meio exageradas. Logo no segundo dia após o evento, a família vai ao supermercado e faz um estoque de alimento - e eu fiquei pensando que eu provavelmente não teria a mesma ideia. Meu pensamento seria muito parecido com a Miranda - para que o exagero, logo tudo voltará ao normal, logo irão descobrir o que aconteceu ao certo e como consertar. Mesmo assim, ela faz o que sua mãe pede já que é melhor do que contrariar e começamos a ter uma ideia do tumulto que as coisas podem se tornar.

As pessoas tendem a se desesperar, então vemos nos primeiros dias os reflexos começando a aparecer como as escolas ficando mais vazias, aos poucos as comidas mais escassas, ninguém sabe quando terá luz - e nem quanto tempo ela irá durar quando tem. O preço do combustível aumenta a cada dia, e logo começam os racionamentos e os limites de compra. Logo as lojas já estão todas fechadas ou vazias, as aulas se encerram mais cedo e as notas não são mais tão importantes.
"Pensei em como era estranho mamãe perguntar se eu queria almoçar e não o que eu queria almoçar." (pág. 100)
O que eu achei mais interessante foi a escolha em contar a história em forma de diário. Nós vamos sabendo dos acontecimentos pelo ponto de vista de Miranda e vendo em como ela começa se importando com algumas coisas que aos poucos vão sendo esquecidas. Temos uma visão da cidade em alguns momentos, mas o foco maior fica nela e em sua família já que ela vai contanto os acontecimentos mais marcantes de seus dias. Foi interessante pensar em algumas coisas que contamos como certo e que de repente podem não estarem mais disponíveis - como alimentos frescos tipo frutas e vegetais, restaurantes abertos e luz e telefones funcionando normalmente.
"Assistir a séries de tevê foi como comer torrada. Há dois meses, isso era tão normal na minha vida que eu nem percebia. Mas agora, é como se fosse uma mistura de Papai Noel, Coelho da Páscoa, Fada dos Dentes e o Mágico de Oz." (pág. 111)

Miranda ainda é uma adolescente, então ela ainda se preocupa com coisas de adolescente - como em querer ter um encontro de verdade, e se Dan olharia para ela se a vida continuasse normalmente seguindo o seu curso. Mesmo assim, ela vai percebendo que não pode mais ter certeza em como será o amanhã, que cada atitude sua tem uma importância e aos poucos vai percebendo o tanto de preocupação que ocupa a cabeça de sua mãe. E o pior, é que parece que ainda tem muito mais coisas ruins para acontecer antes de que se consiga ver uma saída, uma mudança para a melhor.

Com os acontecimentos caminhando para um dia a dia cada vez pior, os nervos vão ficando a flor da pele e criando pequenos atritos entre as pessoas já que as prioridades estão mudando e assim tudo está mudando ou perdendo o atual significado. E por mais que as coisas estejam ruins na cidade em que Miranda se encontra, ela sabe que tem lugares piores - a lista com os mortos e desaparecidos aumenta de tempos em tempos. Mesmo assim, ela segue com uma esperança que se abala em alguns momentos, mas que não deixa de existir - e que junto com a família unida, pode ser a melhor de todas as armas. 
"Fico imaginando se algum dia terei que decidir o que é pior: a vida que estamos vivendo ou vida nenhuma." (pág. 137)
Por falar em família, a mãe e o irmão mais velho de Miranda também merecem um tanto de atenção. Não consigo imaginar o quanto deve ser difícil para uma mãe tentar manter os filhos vivos em uma situação de caos e ainda não deixar transparecer tanto suas preocupações para não assustá-los. E Matt tem aquele jeito protetor de irmão mais velho - que ajuda a acalmar os nervos da mãe e também consegue ser o suporte que Miranda precisa - tanto para crescer como para entender as grandes diferenças pelo qual estão passando.

A vida como ela era tem uma narração envolvente que me cativou desde a primeira página. Miranda é uma narradora adolescente e eu gostei de ver que ela tem seus momentos infantis - de revolta, de ciúmes, de inveja, mas que ela também vai amadurecendo com o decorrer dos dias e dos acontecimentos. Foi incrível em como eu li rápido e no quanto achei a história cheia de reflexões. Foram vários os momentos em que me peguei pensando em como seria um dia feliz quando tudo o que conhecemos deixa de ser referência. Não sou fã de distopias, mas acredito que finalmente encontrei uma que me deixou mais do que empolgada. Susan Pfeffer me fez rever meus conceitos sobre o estilo e finalmente querer ler não só os outros livros da série, mas também outros livros distópicos que até então passaram bem longe da minha lista.

Romântica incurável com um toque de Drama Queen. Sonhadora, teimosa e viciada em livros, afinal, se você não pode cair no mundo, viva através dos personagens! Criadora do blog Amores e Livros, ainda acredita que um dia será paga para ler! Facebook / Twitter / Instagram

Que tal conferir também...

19 comentários

  1. Eu amei o livro e sua resenha, quero muito ler, achei incrível!

    Boutique de Clichês

    ResponderExcluir
  2. Olá!
    Achei bem interessante esse livro. Não conhecia a série e nem a autora, mas gostei bastante e me lembrou A 5ª Onda. Com certeza lerei, passei a ler distopias e agora não consigo mais parar hahaha
    Parabéns pela resenha!

    http://www.booksimpressions.com.br/

    ResponderExcluir
  3. Adoreii a resenha, gosto bastante de livro que trazem uma realidade diferente da nossa e achei bem legal a ideia de o livro ser contado em forma de diario! A capa esta realmente linda, só não gostei muito por se tratar de uma série, mas estou ansiosa para ler! Beijoos

    ResponderExcluir
  4. Não conhecia esse livro e fiquei surpresa com a premissa dele. Não lembro de ter lido nada parecido... Mesmo não lendo muitas distopias, acho que essa merece uma chance... Vou procurar esse livro para ler. Adorei a resenha

    ResponderExcluir
  5. Esse livro parece ser realmente bom. Sabe o que me lembrou? A quinta onda. Pelo menos a versão do cinema, que eu não li o livro. Fico imaginando como deve ser viver num mundo assim. Acho que eu pensaria como você e Miranda, sem me preocupar no início, achando que tudo é um exagero, já que tudo acaba voltando para os eixos. Acho que me arriscaria nessa série sim.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  6. Lica!
    So fã de distopias e quando envolvem toda família, fico ainda mais interessada.
    E adorei a forma como o autor escreveu o livro pelo ponto de vista de uma adolescente, através de seu diário.
    Adoro diários, porque as verdades pessoais ficam arquivadas por toda a vida.
    “Educar é semear com sabedoria e colher com paciência.” (Augusto Cury)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de SETEMBRO com 3 livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

    ResponderExcluir
  7. Que resenha maravilhosa! Nunca tinha ouvido falar desse livro, mas agora já quero ele pra ler, e olha que nem curto tanto distopias assim!

    ResponderExcluir
  8. Oi, Lica
    Eu já gosto de distopias e fico feliz em saber que o livro te empolgou. Confesso que essa obra em questão nunca me chamou atenção, embora eu não descarte a possibilidade de lê-lo.
    Gostei bastante de saber sua opinião e quem sabe me anime mais futuramente. A premissa é muito boa.

    Blog Livros, vamos devorá-los

    ResponderExcluir
  9. Eu gosto bastante de histórias desse tipo, e já tinha lido uma resenha do segundo livro dessa série. Saber como se passa o primeiro volume me deixou mais curiosa do que eu estava, pois a história me pareceu ainda mais interessante. Pretendo ler com certeza.

    Abraços :)

    ResponderExcluir
  10. OOi!
    Amooo o gênero, e sem dúvidas, a história da Miranda chamou minha atenção. Amei a premissa do livro, dica mais que anotada.
    Ótima resenha!

    Beijoos!

    ResponderExcluir
  11. Olha, o enredo parece fantástico, mas livros com continuação muito me desanimam. Apesar de muito curiosa com o desenrolar dos acontecimentos que envolvem Miranda, acho que não encararia uma série no momento.
    ‘Por falar em família, a mãe e o irmão mais velho de Miranda também merecem um tanto de atenção. Não consigo imaginar o quanto deve ser difícil para uma mãe tentar manter os filhos vivos em uma situação de caos’ foi exatamente no que pensava enquanto lia a resenha.

    ResponderExcluir
  12. Oi Aline.

    Gostei da sua resenha que trouxe um livro bem interessante, pois não conhecia a série e nem a autora. Tenho gostado de histórias do gênero Distopia e com certeza será mais uma leitura que vou querer conferir e ter na minha estante. Dica anotada.

    Bjos

    ResponderExcluir
  13. Oi!
    Pra começar, eu já me apaixonei pela capa! Super linda. A história parece ser envolvente, já estou ansiosa para ler! Ótima resenha!

    Beijos

    ResponderExcluir
  14. Olá!
    Amei sua resenha. Quero muito ler essa série, pois a premissa me encantou e estou muito curiosa para saber o desenrolar da historia. Adoro esse gênero.Com certeza na lista de desejados. Resenha perfeita! Beijos.

    ResponderExcluir
  15. Oi Lica,
    Adorei a premissa do livro, e apesar de ser o primeiro volume da série parece ser uma trama bem construída. Um livro que aborda um desastre natural já chama minha atenção na hora, amo livros que trazem mensagens de reflexão e essa promete ser bem intensa e emocionante.
    Com certeza essa leitura faz a gente valorizar e agradecer coisas simples do dia a dia. Já está anotado na lista de desejados.
    As capas originais essa série são lindas!
    Beijos

    ResponderExcluir
  16. Oie,
    Eu gostei da proposta do livro, eu ainda não li nada da autora, e gente, eu fiquei pensando, imagina se isso acontecesse a lua saísse do lugar, credo, espero ter a oportunidade de ler o livro e que ele me agrade.
    Beijos *-*

    ResponderExcluir
  17. Amei!!
    Sem duvida que o livro é incrível sou totalmente fã desse tipo de historia, sempre me comovendo!!!

    ResponderExcluir
  18. Amei!!
    Sem duvida que o livro é incrível sou totalmente fã desse tipo de historia, sempre me comovendo!!!

    ResponderExcluir
  19. Amei!!
    Sem duvida que o livro é incrível sou totalmente fã desse tipo de historia, sempre me comovendo!!!

    ResponderExcluir

Obrigada pela visita, dê sua opinião, participe e volte sempre =^.^=

*** Comentários serão respondidos por aqui mesmo, através de comentário.

Acompanhe por E-mail